Observar uma criança balançando o corpo, organizando brinquedos em fila ou preferindo brincar sozinha pode gerar dúvidas em pais, educadores e profissionais. Esses comportamentos são sinais de autismo ou fazem parte do desenvolvimento infantil típico? Entender as diferenças é essencial para identificar precocemente o transtorno do espectro autista (TEA) e oferecer o suporte adequado.
Temos excesso de informação por todos os lados, principalmente quando o assunto é autismo, e muitas vezes caímos na armadilha do diagnóstico imediato.
Essa questão é cada vez mais comum, especialmente em escolas bilíngues, onde o acesso à informação é abundante e a ansiedade por diagnósticos rápidos pode ser intensa. Vamos abordar esse tema de maneira clara, tranquila e prática?
Comportamentos isolados podem definir diagnóstico?
É natural que qualquer criança, autista ou não, exiba comportamentos como balançar as mãos, repetir frases, ter interesses específicos ou reagir intensamente a sons e cheiros. Tais comportamentos são parte do desenvolvimento infantil, particularmente na primeira infância.
O que realmente diferencia um comportamento típico de um possível sinal de autismo não é o ato em si, mas sim o conjunto de comportamentos, sua frequência, intensidade e, sobretudo, o impacto na capacidade de comunicação e interação social da criança. O comportamento pode ser sinal, mas não é o diagnóstico. Por isso, a necessidade de procurar profissionais responsáveis, e entender todo o escopo necessário para se fazer um diagnóstico correto.
O que é necessário observar?
Comportamentos típicos
- Tendem a surgir em uma fase específica e depois diminuem ou evoluem.
- A criança utiliza outras formas de brincar e se relacionar.
- É possível captar a atenção dela, redirecionar ou envolver em outras atividades.
Sinais que demandam atenção:
- Falta de interesse contínuo em interagir com outras pessoas.
- Padrões de brincadeira extremamente restritos e sem variação.
- Dificuldade significativa em utilizar gestos, olhar e expressões faciais para se comunicar.
- Alterações sensoriais que causam grande desconforto ou evitamento constante.
No ambiente escolar bilíngue, há alguma especificidade?
Sim, há nuances importantes. Em contextos bilíngues, é comum que o silêncio ou a fala limitada em inglês sejam confundidos com dificuldades de linguagem. Portanto, é crucial observar além da fala, focando também na comunicação não verbal: contato visual, gestos, expressões faciais e a capacidade de alternar turnos na conversa.
Uma criança pode demorar para se expressar fluentemente em inglês, mas ainda assim demonstrar desejo de interação: sorrindo, apontando ou imitando os colegas. No caso do autismo, a dificuldade de interação é mais abrangente, afetando a comunicação como um todo, independentemente do idioma utilizado.
Quais são as orientações para famílias e educadores?
Evite tirar conclusões precipitadas ao observar o comportamento de uma criança. É fundamental acompanhá-la em diferentes contextos — como em casa, na escola, em parques ou outros espaços de convivência — para compreender melhor como ela se expressa e interage. Sempre que possível, dialogue com a equipe pedagógica e, se necessário, busque o apoio de profissionais especializados na área do desenvolvimento infantil.
Lembre-se: um diagnóstico não deve ser visto como um rótulo, mas sim como uma ferramenta que possibilita oferecer o suporte mais adequado às necessidades da criança. Muitos comportamentos podem ter gatilhos específicos e não devem ser interpretados isoladamente. A observação exige empatia, paciência e atenção. Evite rotular de forma apressada — compreender é sempre o primeiro passo.
Não é todo comportamento atípico que indica autismo, mas todos os comportamentos devem ser acolhidos, compreendidos e apoiados com empatia.
Em escolas bilíngues, a atenção cuidadosa de todos os envolvidos é essencial para que cada criança seja vista em sua totalidade: considerando suas fases de desenvolvimento, peculiaridades e potencialidades.
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