Aprendizagem lúdica na educação bilíngue: como o brincar estimula o desenvolvimento infantil em dois idiomas

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Na educação bilíngue, o brincar vai além de uma simples estratégia — é um poderoso caminho para a aprendizagem. Quando combinamos a ludicidade com metodologias ativas, expandimos não apenas o repertório linguístico das crianças, mas também suas habilidades socioemocionais, cognitivas e relacionais.

 

Este artigo convida você a explorar um universo onde brincar e aprender acontecem de forma integrada — em dois idiomas e com propósito.

 

O brincar pode ser visto como linguagem universal da infância?

Brincar é mais do que uma atividade prazerosa: é uma forma de expressão, de elaboração do mundo interior e de construção de sentido. Por meio da brincadeira, a criança organiza ideias, ensaia comportamentos, comunica desejos e aprende — o tempo todo.

 

Estudos da neurociência e da psicologia do desenvolvimento apontam que o brincar favorece a plasticidade cerebral, a autorregulação, a empatia e a resolução de conflitos. E quando essa brincadeira é vivida em ambientes seguros e afetivos, o aprendizado se consolida com ainda mais força.

 

Na infância, brincar é um direito. E também é uma das formas mais autênticas e eficazes de aprender.

Metodologias ativas e o bilinguismo: onde se encontram?

As metodologias ativas colocam o estudante no centro do processo de aprendizagem. Em vez de apenas receber conteúdo, a criança é convidada a investigar, experimentar, construir hipóteses e fazer escolhas. E, tudo isso, combina perfeitamente com o universo bilíngue.

 

Quando propomos experiências lúdicas em dois idiomas, estamos respeitando a criança como protagonista. Ela aprende sem perceber que está “sendo ensinada”, porque está envolvida, curiosa e motivada. A língua passa a ser um meio, e não um fim. Um recurso vivo, presente no contexto e no afeto.

 

Em uma aula de Science do Currículo Be, essa metodologia ganha forma. Ao investigar o tema “temperatura”, por exemplo, as crianças são convidadas a criar hipóteses: o que acontecerá com um copo de água deixado no sol e outro na sombra? Nesse processo, elas experimentam, observam e constroem conclusões por meio da resolução de problemas e do trabalho por projetos — estratégias que se integram com naturalidade à educação bilíngue, especialmente quando o brincar é o fio condutor da prática pedagógica.

A ludicidade no contexto bilíngue: o que muda?

Quando falamos em ludicidade bilíngue, falamos de uma imersão que respeita o ritmo de aquisição da linguagem. Ao oferecer interações significativas, em duas línguas, por meio do brincar, criamos um espaço de aprendizagem espontânea e sem pressão.

 

É nesse ambiente seguro e divertido que a criança começa a se familiarizar com sons, ritmos, expressões e estruturas linguísticas. E mais: ela associa o novo idioma a momentos positivos, o que fortalece o vínculo afetivo com a língua.

 

Na prática, isso significa transformar músicas, histórias, dramatizações e jogos em oportunidades reais de aprendizagem — sem recorrer à tradução ou à memorização mecânica. A exposição consistente e contextualizada faz toda a diferença no processo de internalização do idioma.

Quais práticas podem ser utilizadas em casa e na sala?

Aqui vão algumas sugestões que podemos fazer na escola e em casa, para ampliar o repertório das crianças na língua adicional:

  • Circle time: contar os dias da semana, o tempo e as emoções do dia em inglês, com gestos, desenhos ou objetos de apoio. 
  • Hora da história: recontar histórias conhecidas em inglês, com apoio visual e encenação das crianças. 
  • Brincadeiras de faz de conta: montar uma lojinha, uma casa, um restaurante bilíngue, com vocabulário específico. 
  • Músicas com movimento: canções simples com ações corporais, como “Head, Shoulders, Knees and Toes”. 
  • Caixa surpresa temática: a cada semana, uma nova caixa com objetos e palavras em inglês para brincar, nomear e explorar.

 

O segredo está na intencionalidade pedagógica: por trás de cada atividade, há objetivos claros de linguagem, socialização e desenvolvimento integral.

 

O brincar não é um intervalo na aprendizagem — ele é a própria aprendizagem. Quando oferecemos às crianças oportunidades lúdicas e intencionais em duas línguas, abrimos portas para um desenvolvimento mais leve, afetivo e profundo.

 

Quer saber como o brincar transforma o aprendizado em aulas bilíngues?  Não perca nossos novos artigos no blog e continue explorando como o brincar e o aprendizado se conectam!

Renata Assunção

Renata Assunção

Diretora da Assessoria Pedagógica do Be - Currículo Bilíngue. Graduada em Pedagogia pela UFMG. Pós-graduada em Educação Bi/Multilíngue pelo Instituto Singularidades, em Educação pela Universidade de Winnipeg e em Educação Parental. Educadora há 16 anos, com experiência em docência, coordenação e assessoria pedagógica em escolas de idiomas, escolas regulares e escolas bilíngues. Certificada em Disciplina Positiva.

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