Planejamento de aula: quais os benefícios para o educador?

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Surama Jurdi diz que “nem tudo é mágica; por trás da mágica, sempre há um bom planejamento”. Provavelmente, a maioria dos educadores sabe que o planejamento, uma atividade inerente ao trabalho educacional, antecipa situações, calcula possibilidades,  direciona o andamento da aula e opera como um plano de funcionamento da realidade. Quando pensamos na escola como um ambiente democrático e transformador, é impossível o fazer pedagógico sem que haja um planejamento cuidadoso. 

 

Mas, como Surama diz, não é mágica! O planejamento por si só não garante o resultado idealizado. O que o planejamento provê é que o educador não se sinta sufocado, desprovido de recursos ou conteúdo, e que ainda tenha a possibilidade não só de enxergar oportunidades pedagógicas emergentes, mas de abraçá-las, fazendo o processo de ensino e aprendizagem muito mais significativo. Além disso, o planejamento pode ser uma ferramenta incrível de desenvolvimento pessoal e profissional. A partir do momento que o planejamento passa a ser visto para além do escopo curricular e do gerenciamento de sala de aula e começa a ser percebido também como instrumento de autoavaliação, ele completa seu ciclo de benefícios a todos os envolvidos no processo educacional.

 

E como é possível uma ferramenta educacional voltada para o ano letivo escolar trazer benefícios para o aperfeiçoamento profissional de um educador?

 

Vamos começar pensando sobre o ato de planejar uma aula: planejar significa projetar, programar, elaborar um roteiro ou estudar um plano de aula. Assim, ao planejar uma aula, o educador precisa refletir sobre: o objetivo que ele pretende atingir; os recursos e as práticas pedagógicas que vão possibilitar alcançar esses objetivos; e o que será feito a partir da conclusão da aula. 

 

Essa estrada não é uma linha reta, florida e de céu azul o tempo todo. Ela tem obstáculos e desafios que precisam ser transpostos. E, a partir do momento que tais obstáculos e desafios começam a ser percebidos e esmiuçados, o educador desenvolve e aperfeiçoa seus conhecimentos, suas práticas. Dessa forma, ele pode vislumbrar as possibilidades que permitirão que estudantes atinjam os objetivos propostos para cada aula. 

 

Esses conhecimentos – que são levados à tona, questionados, desenvolvidos ou repaginados a partir das etapas do planejamento (pré, durante e pós-aula) – trazem alguns benefícios que vão além da organização da rotina escolar e de conteúdos. Vamos conhecer alguns deles.

 

Questionamentos e reflexões

Será que a minha prática está realmente sendo efetiva nas aulas? Será que existem novas tendências pedagógicas e abordagens que podem ajudar na aquisição linguística dos meus estudantes? Será que minha visão como educador acerca de práticas e abordagens pode ser revista e mais afinada? Será que o processo avaliativo que estou usando realmente me mostra o quanto meus estudantes estão evoluindo?

 

Momentos de pausa para questionar práticas, experiências e momentos educativos permitem rever – e às vezes até deixar de usar – algumas abordagens e metodologias que não fazem mais sentido para as turmas. Educadores precisam sempre ver e rever todo o processo de aprendizagem. Somente por meio de questionamentos é que mudanças efetivas podem acontecer em sala de aula. Mas antes da transformação chegar à sala de aula, ela passa pelo educador e por sua formação.

 

Parcerias e integrações da equipe docente

Aprender durante a jornada é parte do benefício do planejamento. O educador da sala ao lado pode ter conhecimentos e habilidades que você desconhece, e, durante o processo de planejamento, construções e trocas podem se tornar aliadas valiosas. Pode ser desafiador manter-se atualizado sobre o mais novo aplicativo, uma extensão do Google, um novo site que possa ser uma ferramenta fenomenal para turma, as tendências e abordagens pedagógicas mais recentes. Então, durante o planejamento, a busca por novas plataformas e atividades pode colocar o educador em contato com todos os segmentos da escola e todo o conhecimento envolvido em cada área. A prática conhecida como peer observation (observação dos pares, em tradução livre) pode também nos apresentar um mundo totalmente novo no que tange às práticas pedagógicas e que muitas vezes acontece ali, na sala ao lado. Ideias incríveis que nem sempre podem ser trocadas na hora do cafezinho ou na conversa de corredor, mas que a porta aberta aos colegas pode ser esclarecedora. 

 

Tempo qualitativo

Planejar de uma forma simples nada mais é do que antecipar o que vai ser ministrado (o conteúdo), para quem vai ser ministrado (a turma) e de que maneira vai ser ministrado (abordagens, metodologias e técnicas). Ainda que não seja possível precisar a reação dos estudantes à proposta pedagógica planejada, é o educador que os conhece e conhece o perfil da turma. Ao fazer o planejamento cuidadoso da aula, pode-se antecipar desafios e, consequentemente, planejar formas de superá-los a partir da construção de um repertório extra para eventuais percalços. Dessa maneira, é possível ter uma pressão menor durante a aula e depois dela. 

 

Feedback constante

Através do acompanhamento de aulas feito por um assessor pedagógico, pela coordenação e/ou pela direção da escola, a prática de feedback permite a reflexão constante sobre o exercício docente, que promoverá práticas cada vez melhores e com mais qualidade. Quando estamos em aula, muitas vezes deixamos que algo precioso nos escape. No olhar dos outros profissionais, essas percepções podem ser compartilhadas, de modo que lembremos de incluir esses cuidados nos próximos planejamentos de aula. É importante pensar que esse feedback também pode vir dos estudantes. Uma simples enquete no final da aula, com espaço para alguns comentários, não só permite ao educador uma reflexão pós-aula como mostra aos estudantes a importância de dar feedbacks formativos e reforça a responsabilidade deles também com o desenvolvimento da aula. 

 

Além de ser uma ferramenta de desenvolvimento para a aula, para o conteúdo e para o currículo da escola, o planejamento é sobre os estudantes e sobre o educador – e sua visão de educação, sua visão das oportunidades de exploração dos conteúdos e a melhor maneira como ele enxerga esses conhecimentos sendo construídos. Durante o planejamento, o educador pode se permitir perceber pontos que precisam ser desenvolvidos e pontos fortes, usando-os a seu favor durante todo o processo de ensino. Planejar é uma das únicas ferramentas de planejamento que permite ao educador se observar e se permitir evoluir durante suas aulas. 

 

Concluindo, planejamento e plano de aula são coisas distintas. Um plano de aula bem construído não garantirá uma aula consistente e brilhante. É preciso olhar honestamente para o plano de aula e fazer seu planejamento cuidadoso, levando em conta o contexto da turma e dos estudantes. “Planejar” um plano de aula lhe permitirá pensar como a aula será entregue, o que se espera ao final daquela aula e como o conhecimento construído e compartilhado naquela aula serão significativos para cada estudante.

 

E para você, educador? Como estão sendo seus momentos de planejamento? Quais são suas dificuldades e suas satisfações durante seus momentos de planejamento? Como você vê o planejamento na sua escola? Conte para a gente nos comentários.

 


 

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