“Nossos cérebros se renovam ao longo da vida até uma medida que previamente pensavam que não era possível.”
Michael S. Gazzaniga – Psicólogo, neurocientista e professor
A plasticidade cerebral é um fenômeno extraordinário que confere ao cérebro a capacidade de modificar sua estrutura em resposta a mudanças no corpo ou no ambiente circundante. Essas modificações ocorrem principalmente no córtex, a camada externa do cérebro. A plasticidade cerebral influencia significativamente a capacidade de aprendizagem e a adaptação de comportamentos, sendo particularmente relacionada à infância. A neuroplasticidade explica a rapidez com que as crianças aprendem e como o que aprendem se torna uma característica fundamental ao longo da vida.
Os seres humanos têm uma capacidade única para aprender novas informações e adaptar-se a ambientes distintos. No entanto, para superar desafios e promover mudanças que melhorem a qualidade de vida de maneira abrangente, é necessário reconhecer que o processo de aprendizagem é altamente individualizado. Conscientes do próprio método de aprendizagem, podemos maximizar os benefícios potenciais desse processo em nosso cotidiano.
A aquisição de novas habilidades, a capacidade de aprender e a modificação do comportamento em resposta à experiência são cruciais para a sobrevivência humana. A amplitude e a complexidade do aprendizado variam entre indivíduos.
Às vezes, os estudantes enfrentam desafios que os levam a acreditar que a educação se tornou um obstáculo insuperável. Esse obstáculo pode estar relacionado ao estresse e à depressão, bem como indicar uma mentalidade fixa. É crucial compreender como desafiar continuamente nosso estado mental atual, visando proativamente a tarefas estimulantes e promotoras de crescimento. Devemos considerar como o aprendizado altera a estrutura do cérebro e entender as implicações de longo prazo desse processo.
Um exemplo é a modificação do aprendizado para incorporar métodos mais produtivos, influenciando diretamente as mudanças no cérebro. Além disso, ao explorar a estrutura cerebral, é possível descobrir inclinações naturais para certas técnicas de aprendizagem. Se o aprendizado molda o cérebro, é factível induzir mudanças que o tornem mais adaptável.
A capacidade de adaptação do cérebro, conhecida como plasticidade cerebral, manifesta-se de duas formas distintas: pelo aumento do número de sinapses entre neurônios ou pela alteração na estrutura interna dos neurônios. A transformação da memória de curto prazo em memória de longo prazo é um indicador da plasticidade cerebral, associada a mudanças bioquímicas e anatômicas.
A reorganização do cérebro humano, estabelecendo novas conexões entre células cerebrais, é influenciada pela genética, pelo ambiente e pelas ações individuais. Compreender como a neuroplasticidade ocorre é essencial para compreender seu impacto na capacidade de aprendizagem.
A neuroplasticidade ocorre em diversas fases da vida:
- Na infância, quando o cérebro está em processo de maturação.
- Em resposta a lesões cerebrais, compensando funções perdidas e utilizando as funções restantes.
- Na idade adulta, ao aprender algo novo e armazená-lo na memória.
A aprendizagem contínua é crucial para a sobrevivência humana, demandando tempo, exposição e interação para reestruturar o cérebro e assimilar novas informações. O simples acúmulo de conhecimento não é suficiente; é essencial desenvolver a capacidade de adaptar o cérebro a novas atividades.
A plasticidade cerebral também é evidente em músicos, especialmente naqueles que cantam. Gaser e Schlaug (2003) demonstraram que cantores profissionais que praticam suas técnicas diariamente, por pelo menos uma hora, apresentam uma massa cinzenta significativamente maior em comparação aos não cantores. As mudanças ocorrem em áreas cerebrais relacionadas à reprodução musical.
Em um estudo recente conduzido por Draganski e colaboradores (2006), a aprendizagem extensiva de informações conceituais foi associada a mudanças plásticas no cérebro. Comparando o cérebro de estudantes de medicina antes e depois de um período intensivo de estudo, observou-se alterações no córtex parietal e no hipocampo posterior, áreas envolvidas na aprendizagem e na recuperação da memória.
A fluência em duas línguas também modifica a estrutura cerebral, com bilíngues apresentando mais massa cinzenta na área do idioma. A idade em que se aprende uma segunda língua influencia a quantidade de massa cinzenta. O estímulo ativo do processo de aprendizagem na idade adulta torna-se crucial, uma vez que a capacidade de alterar a estrutura cerebral diminui com a idade.
Na infância, a capacidade de aprender e absorver novos conhecimentos é mais pronunciada, especialmente no aprendizado de novos idiomas. As línguas proporcionam uma visão única da dinâmica da aquisição de linguagem e da adaptação cerebral a mudanças. Teorias sugerem que os seres humanos têm a capacidade de distinguir sílabas, mas os bebês apresentam um conhecimento inato da estrutura básica da linguagem.