“Não julgue cada dia pela colheita que você obtém, mas pelas sementes que você planta.” (Robert Louis Stevenson)
Encerramos mais um ano letivo com o coração cheio de afeto e a mente repleta de reflexões. Na rotina escolar, somos frequentemente convidados a avaliar resultados: notas, níveis de proficiência e conquistas visíveis. No entanto, quando falamos de educação inclusiva em um Currículo Bilíngue, essa lógica se mostra insuficiente — e muitas vezes injusta.
A aprendizagem não cabe apenas em gráficos, relatórios ou testes de fluência. Ela vive nos detalhes, nos gestos, nas tentativas e na persistência diária.
Nosso compromisso, enquanto educadores inclusivos, é com a evolução contínua — acadêmica, social, emocional e comunicativa.
Pequenas e Grandes Conquistas no Contexto da Educação Inclusiva Bilíngue
Quantos progressos significativos testemunhamos ao longo deste ano?
- A criança da Educação Infantil que, apoiada por um sistema de Comunicação Alternativa como o PECS, expressou seu desejo com clareza e diminuiu frustrações.
- O estudante com TEA que permaneceu mais tempo na roda da reunião matinal bilingue, morning meeting e disse “hello” espontaneamente.
- A estudante com dislexia que, usando ferramentas de texto preditivo e recursos de leitura, passou a sentir prazer em compartilhar suas ideias.
São avanços que não cabem em gráficos lineares, mas que transformam trajetórias.
Avaliação Formativa e DUA: O Caminho Como Protagonista
Do ponto de vista técnico, seguimos uma perspectiva de avaliação formativa e processual, ancorada nos princípios do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA).
O que isso significa na prática?
Ao oferecer múltiplas formas de engajamento, representação e expressão — como tablets, dramatizações, trilhas visuais e recursos multisensoriais — estamos dizendo a cada estudante:
“Sua forma de aprender é bem-vinda aqui.”
- Valorizamos o caminho, não apenas a chegada.
- Reconhecemos o progresso, não a comparação com padrões homogêneos.
- Celebramos a autonomia possível, não as impossibilidades impostas.
A Essência do Vínculo: O que Realmente Funciona na Inclusão
“A alegria de fazer o bem é a única felicidade verdadeira.” — Liev Tolstói
Nenhuma estratégia pedagógica funciona sem vínculo. A Educação Infantil nos relembra diariamente que não existe aprendizagem sem segurança emocional — e isso se estende a todas as etapas.
Estratégias que floresceram ao longo do ano:
- Comunicação ampliada: atenção aos sinais não verbais, uso de símbolos, gestos e imagens bilíngues.
- Relações consolidadas: rotinas afetivas como check-ins e rodas de conversa que fortalecem a participação.
- Apoio à autorregulação: cantinhos da calma, temporizadores visuais, narrativas sociais e flexibilização de tarefas.
- Acessibilidade linguística: materiais bilíngues com pictogramas, áudio e versões simplificadas.
Além de pedagógicas, essas práticas são legais e éticas. Documentar o progresso — funcional, comunicativo e socioemocional — reforça direitos previstos na Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146/2015) e potencializa o impacto do AEE e das adaptações curriculares.
Olhando Para o Próximo Ciclo: O Que Queremos Continuar Plantando?
Encerrar o ano é um convite a olhar para trás e para frente simultaneamente:
- Que sementes plantamos?
- Quais já começaram a brotar?
Quais ainda precisam de tempo, cuidado e luz para florescer?
A educação inclusiva não é um destino: é uma jornada coletiva. Uma transformação diária — de prática, currículo, atitudes e linguagem.
Que o próximo ano nos encontre atentos ao milagre dos pequenos passos. Que sigamos fortalecendo processos, conexões e a humanidade que sustenta o ensinar e o aprender.
Muito obrigada por caminhar conosco nessa jornada. Nos vemos no próximo ciclo — com novas reflexões, novas estratégias e a mesma certeza:
A inclusão é o que torna a educação verdadeiramente significativa para todos.
Feliz encerramento de ciclo!
