Embora o mundo possa estar cada vez mais interconectado, as violações dos direitos humanos, a desigualdade e a pobreza ainda ameaçam a paz e a sustentabilidade. A noção de cidadania foi ampliada como um conceito de múltiplas perspectivas e está vinculada à crescente interdependência e interconectividade entre países nas áreas econômica, cultural e social, por meio de maior comércio internacional, migração, comunicação, entre outros.
Essa noção está vinculada também às nossas preocupações com o bem-estar global além das fronteiras nacionais, assim como se baseia no entendimento de que o bem-estar global influencia o bem-estar nacional e local. Apesar de haver diferenças de interpretação, existe um entendimento comum de que cidadania global não implica uma situação legal. Refere-se mais a um sentimento de pertencer a uma comunidade mais ampla e à humanidade comum, bem como de promover um “olhar global”, que associa o local ao global e o nacional ao internacional. Também é um modo de entender, agir e se relacionar com os outros e com o meio ambiente no espaço e no tempo, com base em valores universais, por meio do respeito à diversidade e ao pluralismo.
Nesse contexto, a vida de cada indivíduo tem implicações em decisões cotidianas que conectam o global com o local e vice-versa. Em um mundo globalizado e em rápida mudança, é fundamental que as gerações atuais e futuras desenvolvam habilidades para agir no presente e encontrar soluções para os desafios globais do futuro. Sendo assim, o estudante preparado para os desafios do século XXI não é aquele que simplesmente sabe, mas aquele capaz de pesquisar, compreender e expressar seus conhecimentos. A educação escolar deve contribuir para ensinar a viver e ensinar como se tornar um cidadão consciente e transformador.
As mudanças ocorridas no processo de ensino e aprendizagem trouxeram mais qualidade à educação; o protagonismo dos estudantes é uma das grandes características da educação neste século. O ponto de partida é reconhecer a relevância da educação na compreensão e na resolução de questões globais quanto às dimensões sociais, políticas, culturais, econômicas e ambientais. Também é necessário reconhecer o papel da educação em ir além do desenvolvimento do conhecimento e das chamadas habilidades cognitivas – por exemplo, leitura e matemática –, a fim de construir valores, habilidades sociais e emocionais e atitudes entre os estudantes. Tudo o que possa facilitar a cooperação internacional e promover a transformação social.
A educação do século XXI deve abrir as portas para a valorização das habilidades e para o investimento nas potencialidades do aprendiz, de forma que ele tenha a capacidade de descobrir os próprios caminhos na solução de problemas que se apresentam em sua vida, seja na escola, seja no dia a dia. A educação deve, portanto, adaptar-se constantemente a essas mudanças da sociedade, sem negligenciar as vivências, os saberes básicos e os resultados da experiência humana.