Como aumentar a frequência do uso de inglês nas aulas?

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A partir da análise e reflexão cuidadosa sobre os porquês do uso de língua portuguesa em contextos de ensino bilíngue, algumas estratégias poderão contribuir e promover o maior e mais frequente uso da língua adicional.

 

Planejamento, antecipação e scaffolding

Primeiramente, precisamos lembrar da importância de um planejamento atencioso e que leve em consideração os diferentes modos de aprender e interagir com a língua, presentes no espaço educacional. Quando se tem esse olhar e cautela, ainda que se siga um dado plano de aula, pode-se (re)organizá-lo e antecipar situações de modo que todos os estudantes tenham sua necessidade de aprendizagem atendida. Muitos educadores ainda pensam que essa missão depende exclusivamente deles mesmos, quando, na verdade, além de livros, jogos, vídeos e tantos outros recursos escolhidos intencionalmente, os próprios estudantes são recursos pedagógicos valiosíssimos.

 

Como exemplo, um bom agrupamento entre estudantes que possam pensar juntos em soluções para uma tarefa, ou ainda um educador que peça para um colega responder à pergunta de outro – isso fará com que todos recorram e se ajudem mutuamente para compartilhar ideias e desenvolver habilidades linguísticas na segunda língua.

 

Prompting and recasting

Estas duas práticas pedagógicas parecem muito elementares, mas têm um poder muito efetivo sobre a velocidade e a efetividade no processo de aprendizagem de outra língua. Enquanto com o prompting o educador ou os estudantes apresentam uma palavra, uma expressão ou uma estrutura na língua adicional a seus interlocutores, o recasting se encarregará daquela “lembrada” que retoma o que já conhecem ou aprenderam na língua na qual querem se comunicar.

 

Vamos supor que, na terceira aula sobre living and non-linging things, um estudante esqueça esses termos para classificar uma onça-pintada. O educador pode retomar exemplos das aulas anteriores até que esse estudante se lembre, ou encorajar um outro estudante que se lembre desse termo a compartilhar com o colega.

 

Notem que há, nesses casos, uma diferença muito grande entre ajudá-lo a lembrar a palavra e simplesmente dizê-la, fazendo apenas com que ele a repita. Ao recorrer à memória, o estudante tem a oportunidade de reforçar seu conhecimento, além de, indiretamente, todos fazerem com que a língua em circulação seja a adicional, não a de nascimento.

 

Attention getters, chants, songs and visual aids

Eis aqui alguns recursos que devem ter uso constante no ensino bilíngue. Eles também devem ser cuidadosamente planejados, e não simplesmente “enfiados” no plano de aula.

 

Attention getters, por exemplo, possibilitam uma gestão de sala que pode vir carregada de humor e cooperação, ampliando o contato e o repertório dos estudantes. Você possivelmente já usou ou ouviu o famoso “1, 2, 3…eyes on me. 1, 2…eyes on you”.

 

Ao encorajá-los a completar a frase usando “eyes on me/ eyes on you”, evitamos o uso, por exemplo, do “fica quieto!” que um colega possa dizer ao outro. O uso de chants e songs, além de fazer parte do que é cultural e gostoso para as crianças, possibilita o desenvolvimento da articulação, da pronúncia e de ouvidos mais atentos e familiarizados com a outra língua.

 

Ainda que os três pontos acima pareçam comuns ou simples, é muito importante tê-los como práticas incessantes, principalmente no início do contato com a língua adicional ou na transição entre o ensino da língua inglesa para o ensino bilíngue.

Como construir essa noção com a comunidade escolar?

Essa pergunta é mesmo muito complexa, mas isso porque não depende apenas de uma pessoa ou fator para respondê-la.

 

Basicamente, por meio de uma formação consistente de todos os agentes educacionais (gestores, educadores, famílias e estudantes), há que se priorizar estudos, discussões e troca de saberes sobre como se dá o processo de aquisição de línguas adicionais. Assim, todos poderão entender que o cérebro bilíngue se forma e se transforma de um modo diferente do monolíngue e que, portanto, exige práticas educacionais igualmente diferentes.

 

Além disso, é preciso que todos se vejam como peças fundamentais para que esse processo de desenvolvimento na língua adicional aconteça de forma significativa e substancial. Lembremos que não se trata de uma competição nem de uma corrida contra o tempo para que os estudantes aprendam a língua que muitos adultos sentem que não conseguiram aprender.

 

Que possamos propiciar oportunidades de aprendizagem significativas e valorizar os avanços espontâneos que cada estudante dá no seu processo de aquisição e que, dessa forma, possam tornar-se naturalmente bilíngues.

 


 

Referências:

GARCÍA, O. Bilingual education in the 21st century: a global perspective. Oxford: Wiley-Blackwell, 2009.

 

MEISEL, J. M. Bilingual children. Cambridge: Cambridge University Press, 2019.

 

Desafios e práticas na educação bilíngue / organização Antonieta Megale ; prefácio Anne-Marie Truscott de Mejía. – São Paulo : Fundação Santillana, 2020.

 


 

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