Expectativas parentais: impactos no crescimento dos estudantes

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Cada criança é um indivíduo com talentos e necessidades diferentes. Oferecer experiências, criar oportunidades e enfrentar desafios que ajudem cada uma a compreender o mundo ao seu redor é uma tarefa considerável. A maioria das famílias conhece seus filhos melhor do que qualquer outro grupo, e esse conhecimento é fundamental para garantir que as necessidades e aspirações de seus filhos sejam atendidas. Os educadores também precisam conhecer seus estudantes. A parceria entre educadores e família é essencial para fornecer mutuamente o cuidado e o suporte necessários para que as crianças prosperem.

 

Segundo o pesquisador John Hattie, o envolvimento da família na educação dos filhos pode fazer uma diferença de dois a três anos no progresso da criança. As escolas têm a responsabilidade de fazer tudo o que for possível para construir uma parceria positiva com a família, de modo que todos entendam como podem apoiar melhor suas crianças.

 

Enquanto muitas escolas lutam para envolver a família, outras enfrentam o desafio oposto. Famílias com expectativas altas às vezes são vistas como “superenvolvidas”. Para as escolas, essa superproteção pode parecer contraproducente, impedindo que as crianças se tornem independentes e autoconfiantes. No entanto, deve-se reconhecer que essas famílias estão simplesmente preocupadas. Elas entendem que as crianças vão crescer em um ambiente altamente competitivo e querem fazer tudo o que podem para oferecer aos seus filhos o melhor começo na vida.

 

Expectativas altas podem motivar as crianças a trabalharem mais, a correrem riscos e a perseguirem objetivos desafiadores. Famílias que expressam orgulho e apreço pelas realizações dos filhos reforçam comportamentos positivos e incentivam a continuidade dos esforços. No entanto, expectativas irreais podem criar estresse, ansiedade e um senso de inadequação nas crianças. Pressão excessiva para performar pode resultar em exaustão física e emocional, além de falta de interesse em aprender. Expectativas rígidas podem limitar a autonomia das crianças e a exploração de suas paixões e interesses.

 

A aquisição de uma segunda língua é um exemplo de como as expectativas da família podem influenciar significativamente o desenvolvimento de uma criança. Muitas famílias acreditam que aprender uma segunda língua é crucial para o sucesso futuro de seus filhos, especialmente em um mundo cada vez mais globalizado. Elas querem matricular seus filhos em escolas bilíngues, contratar tutores ou incentivar o aprendizado de idiomas desde cedo. Enquanto o aprendizado de uma outra língua pode abrir portas para oportunidades acadêmicas e profissionais, expectativas excessivas podem causar estresse e ansiedade.

 

Para garantir que as expectativas parentais tenham um impacto positivo, é importante equilibrá-las com os interesses e aspirações das crianças. A comunicação aberta e honesta sobre expectativas e aspirações é fundamental. Além disso, encorajar a exploração e o autodescobrimento, enfatizar o crescimento pessoal e respeitar as diferenças individuais são estratégias essenciais.

 

Uma maneira de auxiliar as famílias neste caminho é mantê-las sempre informadas sobre o que está acontecendo na escola. Quando a escola se compromete a enviar regularmente informações sobre o trabalho que está sendo desenvolvido em sala de aula e as metodologias utilizadas, tendemos a diminuir a ansiedade das famílias, ainda mais se tratando de uma língua adicional. É comum que elas se sintam inseguras. E o papel da escola é ajudá-las com repertório para que elas possam auxiliar seus filhos.

 

É importante ter meios claros e regulares de comunicação. Além do site, as escolas podem usar redes sociais, aplicativos, e-mails e mensagens de texto para manter as famílias atualizadas. Uma política de comunicação clara, elaborada com a contribuição da família, pode contribuir para que a escola se comunique com eficiência e eficácia, de maneira a atender às necessidades de todos.

 

O envolvimento dos familiares pode ser incluído em momentos formais e formativos para construir uma abordagem escolar unificada. O início do ano é um momento crítico para iniciar o diálogo com a família. A clareza sobre as expectativas desde o início pode lançar as bases para um bom relacionamento de trabalho.

 

Altas expectativas parentais podem ter tanto impactos positivos quanto negativos no desenvolvimento geral da criança. Por um lado, podem motivar e encorajar as crianças a se esforçarem mais. Por outro, expectativas irreais ou excessivamente exigentes podem levar ao estresse excessivo, à ansiedade descabida e a conflitos desnecessários. É essencial que as famílias equilibrem suas expectativas com os interesses e as aspirações de seus filhos.

 

Na perspectiva da língua adicional, é comum vermos famílias e até educadores que acreditam que, tão logo as aulas se iniciem, os estudantes terão assimilado um vocabulário amplo em inglês e estarão construindo frases perfeitas no segundo idioma. Assim como em outras disciplinas, o desenvolvimento é individual e pode variar de acordo com a afinidade do estudante com a área. A pressão, principalmente no início do processo, pode interferir e até prejudicar o processo de aprendizagem.

 

Gerenciar as expectativas parentais pode ser desafiador, mas com as estratégias certas e uma mentalidade equilibrada, é possível criar um ambiente de apoio que permita que as crianças floresçam. Lembre-se de que cada criança é única, e o sucesso verdadeiro é medido por quanto elas aprendem e crescem enquanto são felizes.

 


Referências

Hattie, J. (2009). Visible Learning: A Synthesis of Over 800 Meta-Analyses Relating to Achievement. Routledge.

 


 

Renata Assunção

Renata Assunção

Coordenadora da Assessoria Pedagógica do Be - Currículo Bilíngue. Graduada em Pedagogia pela UFMG. Pós-graduada em Educação Bi/Multilíngue pelo Instituto Singularidades e em Educação pela Universidade de Winnipeg. Educadora há 14 anos, com experiência em docência, coordenação e assessoria pedagógica em escolas de idiomas, escolas regulares e escolas bilíngues. Certificada em Disciplina Positiva e pós-graduanda em Educação Parental.

Viviane Brykcy Vicente

Viviane Brykcy Vicente

Assessora pedagógica do Be - Currículo Bilíngue. Tem mais de 20 anos de experiência em docência, incluindo 12 anos em gestão e direção escolar de colégios bilíngues e internacionais, com expertise na área de operação escolar e implementação de currículos. Graduada em Letras - Português/Inglês e em Pedagogia. Pós-graduada em Direito Educacional e Práticas de Ensino Bilíngue. Especialização em Neurociências na Escola. Certificada e autorizada em ensino de inglês para falantes de outras línguas pela Cambridge University.

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